27 junho 2008

Besunta-te bem



acorda-te, banha-te, perfuma-te, besunta-te, veste-te.
sorri-te.
faz-te à vida.

25 junho 2008

Terapia de choque

Se és aclofóbico*, vai para praia de Leça da Palmeira todos os Domingos.
Se és afefóbico*, vai ao baile de São João a Miragaia.
Se és enofóbico*, sai com os amigos e exige que cada um leve uma garrafa de vinho e a noite só termina com a última gota bebida.
Se és homofóbico*, vai até ao Bar Lusitano todos os Sábados.
Se és lacanofóbico*, vai almoçar ao vegetariano e jantar sushi.
Se és licerefóbico*, envia o CV para a empresa onde eu trabalho.
Se és parasitofóbico*, agarra-te a todos os cães vadios que encontrares na rua.

Nenhuma destas fobias sou eu.

Depois de devidamente identificado e testemunhado o meu "medo", ainda sem nome no glossário das fobias, sou a próxima candidata à terapia de choque.

*
Aclofobia = aversão e medo mórbido irracional, desproporcional e persistente de multidões.

Afefobia = aversão e medo mórbido irracional, desproporcional e persistente de ser tocado.

Enofobia = aversão e medo mórbido irracional, desproporcional persistente e repugnante ao vinho.

Homofobia = aversão e medo mórbido irracional, desproporcional persistente e repugnante da monotonia ou da homossexualidade ou de se tornar homossexual.

Lacanofobia = aversão e medo mórbido irracional, desproporcional persistente e repugnante dos vegetais, verduras.

Licerephobia = aversão e medo mórbido irracional, desproporcional persistente e repugnante ao lazer.

Parasitofobia = aversão e medo mórbido irracional, desproporcional persistente e repugnante de parasitas.

20 junho 2008

Embrulha e leva para casa

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
"O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".

O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.

Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?



O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente.

O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."


Miguel Esteves Cardoso, in Expresso



P.S.- Enviaram-me isto por mail, em jeito de resposta ao meu post anterior.
Sabendo ela o quanto gosto (gostamos) do MEC.
Sabendo ela, e somente pelo facto de ser uma mulher, que as palavras escritas no post anterior não podem ser, totalmente, sentidas.

OBRIGADA A TI M.

17 junho 2008

2 em 1 . Nãhh.

Apaixonar-me não está nos meus planos de amor.
Amar não está nos meus planos de paixão.

(Serei castigada, pelas palavras que escrevo, por essa entidade superior a que alguns chamam deus e os outros destino/sorte)

12 junho 2008

Papo os escurinhos amanhã

Acabou de chegar uma caixa de chocolates da Suíça.
Não sou muito "chocolateira". Excepto se: for chocolate branco.
Abri a caixa e papei cinco albinos.

Cérebro "Esquisito" *

Não sei se é velhice ou mania de superioridade intelectual do meu cérebro. Em conversa com determinadas pessoas o meu cérebro fica adormecido. Nem sequer viajo para outro lado qualquer. Estou ali a olhar para aquela personagem que fala e gesticula e que não me desperta qualquer interesse. O cérebro diz «Não quero saber» e adormece, às vezes acorda com o som do próprio ressonar.

*A propósito da receita do "frango esquisito"

11 junho 2008

Quero mais assim

A diferença entre ouvir música em casa e música ao vivo é basicamente a mesma entre, estar em casa e ver um sol fabuloso lá fora e ir lá para fora apanhar sol.
Ir a concertos, de música que se gosta, é permitir que ela entre pelos cinco sentidos a dentro.
Este foi muito bom.
Ontem no Coliseu do Porto ouviu-se Feist.
A primeira parte do espectáculo foi da banda neozelandesa Lawrence Arabia. Uns rapazes animados e não estiveram nada desenquadrados.

Deixo aqui esta, apesar de ser das mais comerciais. Para quem está atento a estas coisas da publicidade, esta música apareceu numa campanha de televisão de um perfume, de uma famigerada marca que tem um crocodilo como símbolo.

10 junho 2008

Momento Anti Pub

Sou péssima cozinheira.
Estou quase a auto promover-me a melhor cozinheira que algum dia tive em casa.
Estou quase a auto promover-me a melhor cliente dos meus próprios petiscos.
E nunca ninguém gostará tanto da comida que faço como eu.

08 junho 2008

Menos mal

Parti seis copos de vinho em três segundos (menos mal, sobraram dois);
Armei-me em espia e fui descoberta em flagrante (menos mal, em seis só um me viu a careca);
O fim de semana de festas era tão preenchido que perdi o fio à meada (menos mal, foi sempre em boa companhia);
Roubaram-me um tampão do carro (menos mal, sobraram três);
Parti um espelho, acabadinho de comprar (menos mal, partiu o lado que aumenta imperfeições).

06 junho 2008

Tinha pago para ver isto



Apocalyptica - no Rock in Rio Lisboa

Surrupiada aqui.

03 junho 2008

HOJE

Se eu fosse um vinho, estaria a estagiar numa pipa de carvalho.

Se eu fosse uma música, seria uma versão acústica.