13 dezembro 2010
12 dezembro 2010
*entrada livre ou selectiva?
Agenda de concertos - Dia 13 de Dezembro de 2010
- Paulo Gonzo - Lisboa – Casino Lisboa -22:30 - livre
- José da Câmara - Lisboa – Fnac Chiado - 18:30 - livre
- Fernando Ferreira - Lisboa – Fnac Vasco da Gama - 21:30 - livre
- Caribou - -Lisboa – Lux
-Fina Flor do Entulho -Matosinhos – *Prisão de Custoias - 14:00
- Paulo Gonzo - Lisboa – Casino Lisboa -22:30 - livre
- José da Câmara - Lisboa – Fnac Chiado - 18:30 - livre
- Fernando Ferreira - Lisboa – Fnac Vasco da Gama - 21:30 - livre
- Caribou - -Lisboa – Lux
-Fina Flor do Entulho -Matosinhos – *Prisão de Custoias - 14:00
05 dezembro 2010
para a Ême
Eu até arranjava um cão ou um gato, mas a minha solidão é demasiado egoísta.
(vá, agora interpreta lá isto).
(vá, agora interpreta lá isto).
fazer limpezas dá-me cá uma moca!
Acabo de snifar 1/4 litro de amoniacal.
Limpeza geral da cozinha. Check.
Limpeza geral da cozinha. Check.
01 dezembro 2010
pai e filha do meio (eu) ao telefone
- desculpa, deveria ter-te ligado ontem para desejar bom ano...
- pai, hoje é dia 1, mas de Dezembro...
- ah! então avisa-me quando o mês chegar ao fim...
- pai, hoje é dia 1, mas de Dezembro...
- ah! então avisa-me quando o mês chegar ao fim...
gatunagem selectiva
Enquanto escrevo oiço Elvis Presley. Um dos cds que estava no meu carro e que a gatunagem não achou piada, logo, não levou.
Na madrugada passada a garagem do meu prédio foi assaltada e vandalizada.
O meu carro foi brindado com dois vidros partidos.
Experimentaram os meus óculos de sol, não gostaram, não levaram;
Deixaram o porta cds de pantanas, nada lhes agradou, não levaram;
Os batons que lá estavam, giros para caraças, não lhes agradaram...
Levaram o comando da garagem. Os palermas querem voltar, querem ver!
Na madrugada passada a garagem do meu prédio foi assaltada e vandalizada.
O meu carro foi brindado com dois vidros partidos.
Experimentaram os meus óculos de sol, não gostaram, não levaram;
Deixaram o porta cds de pantanas, nada lhes agradou, não levaram;
Os batons que lá estavam, giros para caraças, não lhes agradaram...
Levaram o comando da garagem. Os palermas querem voltar, querem ver!
01 novembro 2010
25 outubro 2010
um aniversário, um desejo
Gostava mesmo de te ter dado os parabéns de outra forma. Enquanto escrevia um simples sms, concluia, ainda antes de o enviar, que era frio, que não dizia nada, que aparentemente não levava nada e não te daria/diria mesmo nada.
Repetimos com frequência o mesmo erro: aquele de não dizermos/demonstrarmos em tempo útil o quanto gostamos, o quanto nos fazem falta, o quanto nos influênciam certas pessoas. Sejam elas parentes ou aderentes, aquelas de quem nos lembramos desde que somos gente ou as que vamos encontrando por aí, e ficam, connosco, sem saida.
Queiram, todas as entidades divinas, mais as que escrevinham os mapas do destino, mais as mayas e toda a bicharada dos signos, que, querendo eu como quero, ainda vá a tempo.
Repetimos com frequência o mesmo erro: aquele de não dizermos/demonstrarmos em tempo útil o quanto gostamos, o quanto nos fazem falta, o quanto nos influênciam certas pessoas. Sejam elas parentes ou aderentes, aquelas de quem nos lembramos desde que somos gente ou as que vamos encontrando por aí, e ficam, connosco, sem saida.
Queiram, todas as entidades divinas, mais as que escrevinham os mapas do destino, mais as mayas e toda a bicharada dos signos, que, querendo eu como quero, ainda vá a tempo.
06 outubro 2010
phuff
Ele há coisas que perdem muita piada se as tentarmos controlar racionalmente.
Pois claro, significa que somos crescidinhos e conscientes. Racionais. E perde a piada.
Qual emoção, qual loucura. Temos idade para ser responsáveis e outras "merdinhanhas" que tais. E "phuff" à piada.
Ah! e sinto-me tão adulta e responsável e racional e "phuff".
Pois claro, significa que somos crescidinhos e conscientes. Racionais. E perde a piada.
Qual emoção, qual loucura. Temos idade para ser responsáveis e outras "merdinhanhas" que tais. E "phuff" à piada.
Ah! e sinto-me tão adulta e responsável e racional e "phuff".
27 setembro 2010
23 setembro 2010
literalmente
Os homens dão-nos música.
As palermas gostam. As outras também.
Johnny Cash - Ring of Fire
23 agosto 2010
as paixões são como a caspa
já toda a gente a teve.
com maior ou menor intensidade.
depois passa.
se não passar é doença. dizem que se chama amor, perdão - seborreia.
com maior ou menor intensidade.
depois passa.
se não passar é doença. dizem que se chama amor, perdão - seborreia.
Dedicado ao segundo homem mais interessante do planeta.
Seja ele quem for.
(A música original é de Joaquím Sabina - Yo, Mi, Me, Contigo
Coloquei uma voz feminina pelo tom bem mais dramático e porque não encontrei uma versão original com som satisfatório. Segue a letra que é brutalmente deliciosa)
Yo no quiero un amor civilizado,
con recibos y escena del sofá;
yo no quiero que viajes al pasado
y vuelvas del mercado
con ganas de llorar.
Yo no quiero vecínas con pucheros;
yo no quiero sembrar ni compartir;
yo no quiero catorce de febrero
ni cumpleaños feliz.
Yo no quiero cargar con tus maletas;
yo no quiero que elijas mi champú;
yo no quiero mudarme de planeta,
cortarme la coleta,
brindar a tu salud.
Yo no quiero domingos por la tarde;
yo no quiero columpio en el jardin;
lo que yo quiero, corazón cobarde,
es que mueras por mí.
Y morirme contigo si te matas
y matarme contigo si te mueres
porque el amor cuando no muere mata
porque amores que matan nunca mueren.
Yo no quiero juntar para mañana,
no me pidas llegar a fin de mes;
yo no quiero comerme una manzana
dos veces por semana
sin ganas de comer.
Yo no quiero calor de invernadero;
yo no quiero besar tu cicatriz;
yo no quiero París con aguacero
ni Venecia sin tí.
No me esperes a las doce en el juzgado;
no me digas “volvamos a empezar”;
yo no quiero ni libre ni ocupado,
ni carne ni pecado,
ni orgullo ni piedad.
Yo no quiero saber por qué lo hiciste;
yo no quiero contigo ni sin ti;
lo que yo quiero, muchacha de ojos tristes,
es que mueras por mí.
Y morirme contigo si te matas
y matarme contigo si te mueres
porque el amor cuando no muere mata
porque amores que matan nunca mueren.
(A música original é de Joaquím Sabina - Yo, Mi, Me, Contigo
Coloquei uma voz feminina pelo tom bem mais dramático e porque não encontrei uma versão original com som satisfatório. Segue a letra que é brutalmente deliciosa)
Yo no quiero un amor civilizado,
con recibos y escena del sofá;
yo no quiero que viajes al pasado
y vuelvas del mercado
con ganas de llorar.
Yo no quiero vecínas con pucheros;
yo no quiero sembrar ni compartir;
yo no quiero catorce de febrero
ni cumpleaños feliz.
Yo no quiero cargar con tus maletas;
yo no quiero que elijas mi champú;
yo no quiero mudarme de planeta,
cortarme la coleta,
brindar a tu salud.
Yo no quiero domingos por la tarde;
yo no quiero columpio en el jardin;
lo que yo quiero, corazón cobarde,
es que mueras por mí.
Y morirme contigo si te matas
y matarme contigo si te mueres
porque el amor cuando no muere mata
porque amores que matan nunca mueren.
Yo no quiero juntar para mañana,
no me pidas llegar a fin de mes;
yo no quiero comerme una manzana
dos veces por semana
sin ganas de comer.
Yo no quiero calor de invernadero;
yo no quiero besar tu cicatriz;
yo no quiero París con aguacero
ni Venecia sin tí.
No me esperes a las doce en el juzgado;
no me digas “volvamos a empezar”;
yo no quiero ni libre ni ocupado,
ni carne ni pecado,
ni orgullo ni piedad.
Yo no quiero saber por qué lo hiciste;
yo no quiero contigo ni sin ti;
lo que yo quiero, muchacha de ojos tristes,
es que mueras por mí.
Y morirme contigo si te matas
y matarme contigo si te mueres
porque el amor cuando no muere mata
porque amores que matan nunca mueren.
28 julho 2010
ou é ou não é. ou sabes ou não.
Quando tentamos impressionar alguém, provavelmente é essa a impressão que deixamos.
27 julho 2010
juro que tem tudo a ver
Nunca comi nenhum Cupcake
Por muito tentador que pareça, não é suficiente.
Será que o mal que faz compensa o bem que sabe.
26 julho 2010
querer. poder. saber
é natural que as coisas boas também aconteçam
é nossa vontade deixá-las acontecer
é simplesmente humano querer
é quase mestria saber aproveitá-las
é nossa vontade deixá-las acontecer
é simplesmente humano querer
é quase mestria saber aproveitá-las
14 julho 2010
Moraleja: Cuando abra la boca, hágalo sin cagarla.
Un hombre estaba sentado en el avión al lado de una tierna niña, miró a la niñita y le dijo:
- Charlemos... he oído decir que los vuelos parecen menos largos si uno conversa con la persona que tiene al lado.
La pequeña, que acababa de abrir un libro para ponerse a leer, lo cerró lentamente y dijo con voz suave:
- Sobre qué le gustaría conversar?
- Pues no sé... Qué tal de 'física nuclear'? le dice el en tono burlon y le mostró una gran sonrisa.
- Bueno, ése parece ser un tema interesante, dice la niña pero antes déjeme hacerle una pregunta... Un caballo, una vaca y un borrego comen lo mismo: hierba; Pero por que el excremento del borrego es como bolitas pequeñas, el de la vaca es una plasta y el del caballo parece una pelota de pasto seco. Por qué cree usted que sucede eso?
El hombre visiblemente sorprendido por la inteligencia de la niña, lo pensó un momento y le dijo :
- Hummm.... no tengo ni idea.
La delicada y dulce niña contestó:
-De verdad se siente calificado para hablar de física nuclear, cuando ni de mierda sabe!
- Charlemos... he oído decir que los vuelos parecen menos largos si uno conversa con la persona que tiene al lado.
La pequeña, que acababa de abrir un libro para ponerse a leer, lo cerró lentamente y dijo con voz suave:
- Sobre qué le gustaría conversar?
- Pues no sé... Qué tal de 'física nuclear'? le dice el en tono burlon y le mostró una gran sonrisa.
- Bueno, ése parece ser un tema interesante, dice la niña pero antes déjeme hacerle una pregunta... Un caballo, una vaca y un borrego comen lo mismo: hierba; Pero por que el excremento del borrego es como bolitas pequeñas, el de la vaca es una plasta y el del caballo parece una pelota de pasto seco. Por qué cree usted que sucede eso?
El hombre visiblemente sorprendido por la inteligencia de la niña, lo pensó un momento y le dijo :
- Hummm.... no tengo ni idea.
La delicada y dulce niña contestó:
-De verdad se siente calificado para hablar de física nuclear, cuando ni de mierda sabe!
30 junho 2010
Golos
Comi alheira e ajudei a beber um garrafa de tinto Casa de Santar. Pesado para uma noite de Verão, eu sei. Mal consegui comemorar os golos que a Selecção marcou.
27 junho 2010
era bonito e enorme, já não é
Estou com um cabelinho à "Achas que Sabes Dançar", seja lá o que isso for, foi o que me ocorreu quando o famigerado cabeleireiro, que desta vez me calhou em sorte, acabou o servicinho.
Nas aventuras com os(as) cabeleireiros(as) aprendi que não só devemos definir muito bem aquilo que queremos mas principalmente aquilo que não queremos. Ou, sofremos no pelo.
E não, a menina não dança. Mas tenho cabelo para isso.
Nas aventuras com os(as) cabeleireiros(as) aprendi que não só devemos definir muito bem aquilo que queremos mas principalmente aquilo que não queremos. Ou, sofremos no pelo.
E não, a menina não dança. Mas tenho cabelo para isso.
23 junho 2010
Todas as histórias de amor deveriam terminar assim.
No exacto momento em que um desiste e o outro sabe, o que desiste Morre. Não faz sentido que seja de outra forma.
Há um conto delicioso da Maria do Rosário Pedreira, "Caçadores de Algas" que ilustra na perfeição o fim (in)feliz de uma história de amor.
No exacto momento em que um desiste e o outro sabe, o que desiste Morre. Não faz sentido que seja de outra forma.
Há um conto delicioso da Maria do Rosário Pedreira, "Caçadores de Algas" que ilustra na perfeição o fim (in)feliz de uma história de amor.
08 junho 2010
O eu "psicanalista"
Este jogo dos blogs é um ping-pong entre supostos "psicanalistas" e os eternos pacientes.
Quando um blog termina, o paciente está curado. Ou morreu.
Quando um blog termina, o paciente está curado. Ou morreu.
26 maio 2010
animais inofensivos
Cheguei a casa como se carregasse mais dez quilos em cima de cada perna.
Consigo arrastar-me até ao sofá e ali fico, espalmada. Entre chamadas que não deveriam ter sido atendidas e o desconforto da roupa de trabalho, adormeci.
Acordei com o mugido de uma vaca. Juro. Foi o que achei. Não era.
Já alguém ouviu uma vuvuzela tresloucada nas mão de um miúdo de 6 anos?
Exactamente o mesmo som do mugido de uma vaca tresloucada com a mesma idade.
Ali na varada do prédio em frente. Um miúdo e uma vuvuzela. Não a vaca.
Consigo arrastar-me até ao sofá e ali fico, espalmada. Entre chamadas que não deveriam ter sido atendidas e o desconforto da roupa de trabalho, adormeci.
Acordei com o mugido de uma vaca. Juro. Foi o que achei. Não era.
Já alguém ouviu uma vuvuzela tresloucada nas mão de um miúdo de 6 anos?
Exactamente o mesmo som do mugido de uma vaca tresloucada com a mesma idade.
Ali na varada do prédio em frente. Um miúdo e uma vuvuzela. Não a vaca.
27 abril 2010
26 março 2010
parentes e aderentes
Gosto de panelas e frigideiras anti-aderentes. De pessoas nem por isso. Gosto das com um fundinho que nos “agarre”.
16 março 2010
Leituras
Ele há palavras dos outros que, com muito mais jeito, escrevem o que pensamos.
Pensei em encurtar um pouco este artigo, mas não merece.
Já não sei quantas páginas de jornais e revistas se publicaram sobre "Lua Nova", adaptação para cinema do livro com o mesmo título de Stephanie Meyer. Queria contá-las mas a minha filha de onze anos deitou-as para o lixo, vociferando contra a imprensa portuguesa. Enquanto procedia a essa limpeza, a garota perguntava: "Se os livros e o filme são tão maus como todos escrevem, para que gastam tanto espaço com eles?". A pergunta pareceu-me oportuna. Preferi não lhe responder a verdade ("porque vendem"), dado que gostaria que ela não desistisse já de ler jornais e de acreditar que o jornalismo é um serviço público, em vez de uma sucursal de vendas dos Hollywoods. Também não lhe fez mal nenhum acreditar no Pai Natal durante seis anos. Tenho esta ideia de que quanto mais acreditarmos nas coisas e nas pessoas mais felizes seremos e mais sonhos conseguiremos realizar. É uma ideia com a qual não me tenho dado mal. Várias almas bem intencionadas têm tentado convencer-me, ao longo dos anos, e às vezes por ínvios caminhos, que um bocado mais de cepticismo ou, pelo menos, uma dose de hipocrisia com uns fumos de cansaço existencial me seria útil. Sei que até têm razão - mas a alegria de me erguer mil vezes, com a voz e a liberdade intactas, dos escombros das esperanças perdidas, não há utilidade que a pague. É essa mensagem que procuro passar aos que crescem à minha volta.
Na minha arreigada ingenuidade, acredito que os jornais servem para interrogar a realidade. Por isso estranho que ninguém queira perceber o que há neste universo de "Crepúsculo" (o primeiro livro e filme da saga) que tanto excita os adolescentes. Não, não são apenas, nem particularmente, os vampiros ou os lobisomens. As meninas estão fascinadas por Edward Cullen, não por ser vampiro, mas por ser um rapaz diferente dos rapazes que elas conhecem. Um rapaz belíssimo, de 17 anos, que tem um homem de 109 anos dentro de si, isto é: um homem que não confunde amor com sexo. Melhor ainda: um homem que sabe imediatamente o que é o amor, quando o encontra. Um homem que sabe o que quer, em vez de se resignar a saber apenas o que pode. O contrário do protagonista de "A Fera na Selva", de Henry James, isto é: o contrário do ser humano do sexo masculino, tal como o conhecemos: perdido na sua própria vaidade, assustado com a capacidade estereofónica das mulheres, apavorado com a ideia de perder o controlo e de se entregar, agarrado às suas rotinas securizantes e aos instintos do seu apêndice sexual, ou à necessidade de se mostrar o maior garanhão da sua paróquia. A razão pela qual as mulheres crescem a sonhar com vampiros ou lobisomens é simples: em geral, os homens, por si só, são pouco surpreendentes. Não têm mistério. Repetem-se muito. São previsíveis como uma decepção. Vou ser boazinha e acreditar que a culpa não é deles, é da educação marialva ainda em vigor. Aliás, fui educada para ser boazinha e acreditar que, com paciência, os homens mudam. Perdi a paciência há muitos anos, mas organizei-me para não perder a bondade, que é uma forma de esperança, por motivos egoístas.
Não é verdade que, como tanto se tem escrito, Bella Swan, a protagonista da saga, seja um modelo de passividade. Ela salva a vida ao próprio vampiro. A história é explicitamente inspirada no Romeu e Julieta de Shakespeare, abundantemente citado. Nos tempos que correm, é uma felicidade encontrar uma citação verdadeira, isto é, com aspas: anda meio mundo a enganar outro meio com frases tiradas dos clássicos, sem qualquer referência à fonte. Chamava-se a isto roubo; agora chama-se, caso seja descoberto, contaminação, colagem, arte, pós-modernismo ou coisa que o valha. É a liquidez para a qual nos alerta incessantemente Zygmunt Baumant. Uma liquidez que resulta da embriaguez pelo sucesso. Acusa-se Stephanie Meyer de 'puritanismo' porque o sexo entre o par apaixonado é constantemente adiado - embora a menina se esforce muito por trazer o vampiro para os seus lençóis (ele não tem cama, porque não dorme). Aprecio esta assumpção do desejo feminino, tão rara nos filmes e livros para jovens. Pergunta-me a minha filha: "Porque é que têm sempre que escrever 'a escritora mormon' quando falam de Stephanie Meyer? Ninguém escreve 'o escritor ateu José Saramago' ou 'a escritora cristã fulana', pois não?". Pouco importa. Depois de Shakespeare, a minha filha quer ler "O Monte dos Vendavais", por recomendação dos vampiros. Não é a mordidela, mas o bater do sangue.
Inês Pedrosa in Expresso
PS. Minha cara amiga M. não tenho qualquer espécie de vergonha em dizer que estou a ler a saga completa. E sim, vou-te comprar os quatro volumes em português.
Pensei em encurtar um pouco este artigo, mas não merece.
Já não sei quantas páginas de jornais e revistas se publicaram sobre "Lua Nova", adaptação para cinema do livro com o mesmo título de Stephanie Meyer. Queria contá-las mas a minha filha de onze anos deitou-as para o lixo, vociferando contra a imprensa portuguesa. Enquanto procedia a essa limpeza, a garota perguntava: "Se os livros e o filme são tão maus como todos escrevem, para que gastam tanto espaço com eles?". A pergunta pareceu-me oportuna. Preferi não lhe responder a verdade ("porque vendem"), dado que gostaria que ela não desistisse já de ler jornais e de acreditar que o jornalismo é um serviço público, em vez de uma sucursal de vendas dos Hollywoods. Também não lhe fez mal nenhum acreditar no Pai Natal durante seis anos. Tenho esta ideia de que quanto mais acreditarmos nas coisas e nas pessoas mais felizes seremos e mais sonhos conseguiremos realizar. É uma ideia com a qual não me tenho dado mal. Várias almas bem intencionadas têm tentado convencer-me, ao longo dos anos, e às vezes por ínvios caminhos, que um bocado mais de cepticismo ou, pelo menos, uma dose de hipocrisia com uns fumos de cansaço existencial me seria útil. Sei que até têm razão - mas a alegria de me erguer mil vezes, com a voz e a liberdade intactas, dos escombros das esperanças perdidas, não há utilidade que a pague. É essa mensagem que procuro passar aos que crescem à minha volta.
Na minha arreigada ingenuidade, acredito que os jornais servem para interrogar a realidade. Por isso estranho que ninguém queira perceber o que há neste universo de "Crepúsculo" (o primeiro livro e filme da saga) que tanto excita os adolescentes. Não, não são apenas, nem particularmente, os vampiros ou os lobisomens. As meninas estão fascinadas por Edward Cullen, não por ser vampiro, mas por ser um rapaz diferente dos rapazes que elas conhecem. Um rapaz belíssimo, de 17 anos, que tem um homem de 109 anos dentro de si, isto é: um homem que não confunde amor com sexo. Melhor ainda: um homem que sabe imediatamente o que é o amor, quando o encontra. Um homem que sabe o que quer, em vez de se resignar a saber apenas o que pode. O contrário do protagonista de "A Fera na Selva", de Henry James, isto é: o contrário do ser humano do sexo masculino, tal como o conhecemos: perdido na sua própria vaidade, assustado com a capacidade estereofónica das mulheres, apavorado com a ideia de perder o controlo e de se entregar, agarrado às suas rotinas securizantes e aos instintos do seu apêndice sexual, ou à necessidade de se mostrar o maior garanhão da sua paróquia. A razão pela qual as mulheres crescem a sonhar com vampiros ou lobisomens é simples: em geral, os homens, por si só, são pouco surpreendentes. Não têm mistério. Repetem-se muito. São previsíveis como uma decepção. Vou ser boazinha e acreditar que a culpa não é deles, é da educação marialva ainda em vigor. Aliás, fui educada para ser boazinha e acreditar que, com paciência, os homens mudam. Perdi a paciência há muitos anos, mas organizei-me para não perder a bondade, que é uma forma de esperança, por motivos egoístas.
Não é verdade que, como tanto se tem escrito, Bella Swan, a protagonista da saga, seja um modelo de passividade. Ela salva a vida ao próprio vampiro. A história é explicitamente inspirada no Romeu e Julieta de Shakespeare, abundantemente citado. Nos tempos que correm, é uma felicidade encontrar uma citação verdadeira, isto é, com aspas: anda meio mundo a enganar outro meio com frases tiradas dos clássicos, sem qualquer referência à fonte. Chamava-se a isto roubo; agora chama-se, caso seja descoberto, contaminação, colagem, arte, pós-modernismo ou coisa que o valha. É a liquidez para a qual nos alerta incessantemente Zygmunt Baumant. Uma liquidez que resulta da embriaguez pelo sucesso. Acusa-se Stephanie Meyer de 'puritanismo' porque o sexo entre o par apaixonado é constantemente adiado - embora a menina se esforce muito por trazer o vampiro para os seus lençóis (ele não tem cama, porque não dorme). Aprecio esta assumpção do desejo feminino, tão rara nos filmes e livros para jovens. Pergunta-me a minha filha: "Porque é que têm sempre que escrever 'a escritora mormon' quando falam de Stephanie Meyer? Ninguém escreve 'o escritor ateu José Saramago' ou 'a escritora cristã fulana', pois não?". Pouco importa. Depois de Shakespeare, a minha filha quer ler "O Monte dos Vendavais", por recomendação dos vampiros. Não é a mordidela, mas o bater do sangue.
Inês Pedrosa in Expresso
PS. Minha cara amiga M. não tenho qualquer espécie de vergonha em dizer que estou a ler a saga completa. E sim, vou-te comprar os quatro volumes em português.
08 março 2010
24 fevereiro 2010
já não de fazem inimigos como antigamente
Os meus inimigos são cobardes.
Gostava que os meus inimigos fossem nobres de tal nome e função.
Daqueles que escolhem armas, padrinhos, marcam data e hora para o duelo.
Mas os meus inimigos são apenas cobardes.
Gostava que os meus inimigos fossem nobres de tal nome e função.
Daqueles que escolhem armas, padrinhos, marcam data e hora para o duelo.
Mas os meus inimigos são apenas cobardes.
11 fevereiro 2010
Em escuta no carro.
Passei a tarde a ouvir o novo albúm dos Massive Attack. Apercebo-me de como me faz carregar um pouco mais no pedal do lado direito. Velocidade, é o que me provoca esta música.
Imaginei onde poderia ouvir esta música e aproveitar o efeito. Na prática de jogging. Era ver-me fugir desalmadamente e a deixar um rasto de poeira para trás. Esquece.
Passei a tarde a ouvir o novo albúm dos Massive Attack. Apercebo-me de como me faz carregar um pouco mais no pedal do lado direito. Velocidade, é o que me provoca esta música.
Imaginei onde poderia ouvir esta música e aproveitar o efeito. Na prática de jogging. Era ver-me fugir desalmadamente e a deixar um rasto de poeira para trás. Esquece.
Planeamento, gestão de espaço, logística e terra fértil.
Quando eu morrer quero/gostava de ser cremada - como se, depois de morta, podesse decidir, querer ou gostar de alguma coisa.
Mas detesto a ideia da bicharada a aproximar-se de mim sem eu poder gritar.
Não quero ninguém no meu funeral. É uma perfeita e mórbida perda de tempo. Não mandem flores.
Quero gente por perto em vida. Gosto que me visitem, mesmo sem avisar, que fiquem para jantar, que encham a casa e ocupem os espaços onde normalmente há bancos cadeira e sofás vazios.
Mas apareçam em vida.
Adoro receber flores, não necessáriamente naqueles arranjos manhosos e cheios de aparato, podem ser em vaso, um ramo desordenado, uma ou duas flores, até de "gestas floridas" se dadas com gosto e porque aprecio, muito.
Mas ofereçam em vida.
Mandem espalhar as minhas cinzas num olival - aquele em Santo André, sempre quis lá morar.
Não me venham dizer que isto é mórbido.
Falar da morte em vida é bom.
Falar da vida já "morto" é que nem por isso.
Mas detesto a ideia da bicharada a aproximar-se de mim sem eu poder gritar.
Não quero ninguém no meu funeral. É uma perfeita e mórbida perda de tempo. Não mandem flores.
Quero gente por perto em vida. Gosto que me visitem, mesmo sem avisar, que fiquem para jantar, que encham a casa e ocupem os espaços onde normalmente há bancos cadeira e sofás vazios.
Mas apareçam em vida.
Adoro receber flores, não necessáriamente naqueles arranjos manhosos e cheios de aparato, podem ser em vaso, um ramo desordenado, uma ou duas flores, até de "gestas floridas" se dadas com gosto e porque aprecio, muito.
Mas ofereçam em vida.
Mandem espalhar as minhas cinzas num olival - aquele em Santo André, sempre quis lá morar.
Não me venham dizer que isto é mórbido.
Falar da morte em vida é bom.
Falar da vida já "morto" é que nem por isso.
31 janeiro 2010
Desejos
Desejo
Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos em um deles
Você possa confiar sem duvidar
E porque a vida é assim
Desejo ainda que você tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo
Desejo depois, que você seja útil
Mas não insubstituível
E que nos maus momentos
Quando não restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante
Não com os que erram pouco
Porque isso é fácil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais
E que sendo maduro
Não insista em rejuvenescer
E que sendo velho
Não se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
Desejo, por sinal, que você seja triste
Não o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diário é bom
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano.
Desejo que você descubra
Com o máximo de urgência
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes
E que estão bem à sua volta
Desejo ainda
Que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, você se sentirá bem por nada
Desejo também
Que você plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que você saiba
De quantas muitas vidas é feita uma árvore
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro
Porque é preciso ser prático
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
"Isso é meu"
Só para que fique bem claro
Quem é o dono de quem
Desejo também
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por você
Mas que se morrer
Você possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar
Desejo por fim
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar
E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar
Victor Hugo
Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos em um deles
Você possa confiar sem duvidar
E porque a vida é assim
Desejo ainda que você tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo
Desejo depois, que você seja útil
Mas não insubstituível
E que nos maus momentos
Quando não restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante
Não com os que erram pouco
Porque isso é fácil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais
E que sendo maduro
Não insista em rejuvenescer
E que sendo velho
Não se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
Desejo, por sinal, que você seja triste
Não o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diário é bom
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano.
Desejo que você descubra
Com o máximo de urgência
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes
E que estão bem à sua volta
Desejo ainda
Que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, você se sentirá bem por nada
Desejo também
Que você plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que você saiba
De quantas muitas vidas é feita uma árvore
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro
Porque é preciso ser prático
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
"Isso é meu"
Só para que fique bem claro
Quem é o dono de quem
Desejo também
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por você
Mas que se morrer
Você possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar
Desejo por fim
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar
E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar
Victor Hugo
20 janeiro 2010
em surdina
O "blog" está com uma crise de planeamento, organização e tomada de decisões.
Só os patetas não têm destas crises. Isso "consola-o" bastante.
Só os patetas não têm destas crises. Isso "consola-o" bastante.
06 janeiro 2010
trapos
Arrumar o meu guarda vestidos é como ir aos saldos.
Estava uma grande confusão.
Encontrei coisas que sempre quis ter e que me fazem falta.
Estava uma grande confusão.
Encontrei coisas que sempre quis ter e que me fazem falta.
xaninha
E se eu tivesse que desejar alguma coisa muito boa, àqueles que não têm a família por perto, então, eu desejo-vos um irmã igual à minha. Toda a gente deveria ter uma irmã igual à minha. Era bem mais fácil, bater à porta de alguém e pedir a irmã mais velha emprestada.
prenúncios
Ano Velho.
Os últimos dias do ano de 2009 foram "dias nervosos", porque não me podia esquecer de nada, porque tinha uma penosa viagem para fazer, porque ainda não sabia onde me apetecia ficar e até quando.
Fim.
Ano Novo.
Quero crer que, a forma como iniciamos o ano pode ser um prenúncio do que aí vem.
Comemos passas só porque sim. Não houve desejos.
Brindámos, bebemos e partimos os copos. Brindámos, bebemos e voltamos a partir os copos.
Dancei quatro horas seguidas.
Fui para casa às 9 da manhã.
Quase que me apaixonei.
Mas estava cansada, cheia de frio e fui-me deitar.
Os últimos dias do ano de 2009 foram "dias nervosos", porque não me podia esquecer de nada, porque tinha uma penosa viagem para fazer, porque ainda não sabia onde me apetecia ficar e até quando.
Fim.
Ano Novo.
Quero crer que, a forma como iniciamos o ano pode ser um prenúncio do que aí vem.
Comemos passas só porque sim. Não houve desejos.
Brindámos, bebemos e partimos os copos. Brindámos, bebemos e voltamos a partir os copos.
Dancei quatro horas seguidas.
Fui para casa às 9 da manhã.
Quase que me apaixonei.
Mas estava cansada, cheia de frio e fui-me deitar.
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