11 novembro 2008

do DESAGRADO

Ter um blog, faz-me parecer que, é a coisa mais parecida com o que, deverá ser (!?!?), participar numa orgia de olhos vendados.

(nunca deverás ver quem te tocou. nunca saberás a quem tocaste. por vezes sentes um perfume muito bom, mas convém apurar os sentidos. há qualquer coisa fedorenta, talvez uns pés, mas não consegues eliminar a sua presença. há gente a mais, alguns fazem muito barulho, é só barulho, alguém anda a fingir)

Foi bom para alguém.
Sim.
Para quem escreveu.

17 comentários:

vanus disse...

A grande questão põe-se, para mim, se em qualquer exposição da nossa intimidade para um grupo de pessoas (e por isso a orgia vendada é uma imagem gira), é mais fácil fazê-lo de olhos vendados ou não, ou seja sabendo e reconhecendo quem nos vê. O desagrado suponho que virá depois do toque e da não identificação real de quem te toca, tal como fazes naturalmente cá fora, mas se puderes identificar antes, será que te deixas tocar?

A grande vantagem da venda, é que constróis as pessoas de dentro para fora, procuras nelas pontos comuns, pormenores que a olho nu muitas vezes são impeditivos de continuar. O perfeito desconhecido é libertador (e também perigoso) porque nada te prende a ele, podes ser tudo o que és e o que não és. Com o passar do tempo, mesmo desconhecendo ainda a totalidade da pessoa, construíste uma relação que te constrange um pouco, já tens uma história comum, embora te dê outro tipo de retorno que um desconhecido nunca nos pode dar. E isso conta muito porque nós precisamos de laços. Se entras numa orgia, é-te mais fácil andares à molhada com quem não sabes quem é, do que se souberes que um dos galifões que te quer saltar para espinha é o homem do talho, ou a tua chefe, por exemplo :)

Mas ter um blog assim dentro desta tua imagem, é repetir muitas vezes a orgia com as mesmas pessoas, variando ocasionalmente umas quantas. Por isso da segunda ou terceira vez, és capaz de reconhecer quem te toca pelo toque, e o corpo de quem tocaste, associas um determinado toque ao perfume que gostas e outro aos pés mal cheirosos. Ao fim de algum tempo já sabes procurar os toques e os corpos que gostas, sabes reconhecer quem finge e se continuares a gostar, consegues abstrair-te do excesso de ruído e ignorar o cheiro dos pés (ou então saturas o nariz de perfume). Aprendes a conhecer sem ver.

Depois, nada te impede de lá fora procurares (ou seres procurada) as pessoas que te sabem tocar para dares outro tipo de continuidade à coisa, e deixar as outras simplesmente de lado, pois elas também estão vendadas para ti, por muito que te possam imaginar e deitar a manápula à pele de vez em quando (eu detesto confesso, e é por isso, que ser muito desastrada compensa lol, dá sempre para cair com o corpo todo sobre uma qualquer parte estratégica).

É provável que algumas delas, mal tirem a venda deixem de te saber tocar, embora outras não. Há as que irás ter preferido ter ficado com a venda, e há as outras que vais ter ficado feliz por a ter retirado. Como em tudo, arriscamos.

(a imagem está bestial, dá para mt comentário, desculpa lá o lençol)

Maria Cardeal disse...

Sabes, tive algumas reservas em publicar este post, mais ainda, em escrever muito do que poderia ter escrito. Dava pano para mangas (e para lençóis também).
É de sublinhar que é realmente de dentro para fora que, aqui, se constrõem as pessoas e quando gosto, gosto realmente da personagem (e gosto que se mantenha assim), nada de tirar a venda.
Este teu comentário é a continuação do meu post, ou, o meu post super-desenvolvido.
Numa primeira fase é bastante libertador sim, e depois vamos ficando mais ou menos constrangidos com os "elementos do grupo", que até poderão redefinir a nossa conduta.
Mas acho que isto também tem muito a ver com a atitude do bloguer ( e mais uma vez a comparação com a orgia) caso esteja só para dar, ou só para receber, partilhar, exibir, baralhar, aprender...

Curioso é, que no meu dia-à-dia dou comigo a olhar para determinadas passoas e imaginar que poderão ser esta ou aquela excelente personagem de um blog... exactamente por estarem, completamente desenquadrados na vida real (e sim tenho os meus preconceitos e esteriotipos).
Bem, fico-me por aqui, ou escrevo outro post.

:))*

Unknown disse...

Como se não bastasse o Pacheco Pereira ;-)

Rostro disse...

agora q falas nisso maria...! :)

fernando lucas disse...

oh balha-me deuzes!

hothotheart disse...

uiiiiiiiiiii

Avis Rarum disse...

Tanta letra de uma vez só...
Moça... vamos andar de mota que é isso que me/te faz falta...
Osculos

Maria Cardeal disse...

Luis,
O Pacheco! Na minha terra existe uma expressão que diz: "Faz cá uma falta como os cães na missa".

Maria Cardeal disse...

Rosto,
e já vou tarde.

Maria Cardeal disse...

Lucas,
se fores crente.

Maria Cardeal disse...

Hot,
eu sei ;)

Maria Cardeal disse...

Ave de estimação,
Nem mais nem menos. :D

Anónimo disse...

Minha querida,
Dos melhores posts que li ultimamente. Na blogosfera como na praça, cada um procura o que lhe faz falta, seja massagem ao ego, seja empatia, seja libertação [seja couves, batata ou um coelho para o almoço].
O pior é quando compras gato por lebre [mas isso é outra história]

fernando lucas disse...

oh pá...hum não sou.

Maria Cardeal disse...

Caos,
:)
Fico com sérias dúvidas se sabemos realmente o QUE ANDAMOS por aqui a fazer.

Lucas,
devias, assim não há quem te valha.

Leonor disse...

E no meio desses toques e desses cheiros, acabas por encontrar afinidades e repulsas, independentemente da venda.

Esta é uma casa ode me sinto bem, mas não à vontadinha ao ponto de tirar os sapatos ... ;)


beijinhos

Maria Cardeal disse...

Ainda bem que "esta casa é do teu agrado", está à vontade :)

Beijo miúda