27 fevereiro 2008

Se estiveres contente bate palmas

Há alturas em que se fazem planos.
Há momentos em que lhe damos vida.
Há dias pequeninos, para tanto.
Há dias cheios de coisas pequenas, muitas, boas.
Grandes dias.

25 fevereiro 2008

g-a-j-a-s p-u-t-a-s

Há gajas tão putas.
As putas das gajas que querem o que é nosso.
Só por brincadeira. Só porque não sabem o que fazem. Só para não perderem, não para ganhar. Querem o que é nosso, só porque é nosso.
Putas. Nunca perderei nada que seja meu. Disputo nesta puta de vida. Nunca com as putas da vida.
Putas que riem como hienas e trabalham como cigarras. Putas.
Hoje tropecei numa dessas, puta das grandes. Ela dirigiu-me uma espécie de sorriso. Eu não mexi um único músculo do meu corpo. As pupilas dos meus olhos chamaram-lhe puta cem vezes, a soletrar, sem pestanejar.

(O corrector ortográfico não identifica puta, nem no singular nem no plural. Claro, não fosse o corrector ortográfico do género masculino).

24 fevereiro 2008

Uma tarde fora do sofá



Fechem p.f.
Coloquem a morada da casa nova nesta caixa.
Não necessita de indicação "frágil".
Digam ao transportador para colocar no meio da sala.
Abram a caixa quando estiverem lá todos os meus traste.

23 fevereiro 2008

Uma boa tarde de sofá



Vi isto hoje.
A atitude desta criatura faz deste concerto algo para se ver e ouvir muitas vezes.
É música e cumplicidade.
E humor.
É uma menina.
É brutal.

20 fevereiro 2008

Bifes clonados

A mana apresenta-me ao M.
Mana «Conheces a minha mana piquena?»
M. «Tua irmã?! Ela é tua irmã?!»
...
(Ora olha para mim, ora olha para a minha irmã)
...
M.«...não têm nada a ver!!!»
...
Olha e volta a olhar... e algum tempo depois.
...
M.« Espera! Afinal são iguaizinhas, só mudam as cores!»
A mais nova é uma versão policromática da mais velha.

19 fevereiro 2008

Pior a emenda que o soneto

Ando, desde Sábado, aqui, com uma dor na zona lombar do lado direito. Depois de muitos diagnósticos, sim, porque dentro de cada um de nós há um médico/orçamentista, sentenciaram-me (os mais próximos) uma grave infecção no rim direito. Passei estes 3 dias a imaginar o meu rim atrofiado e disforme num qualquer balde de restos, dum qualquer hospital, depois de extraído.
Hoje fui ao médico, médica no meu caso. «É a sua coluna», diz ela sapientemente.
Desta vez não prescreveu vitaminas (típico dela), mas sim e pasmem-se, 7 belas folhinhas cheias de cruzinhas, para TACs, RXs, ecografias e análises, no total de 21. «Aproveitamos e fazemos um check-up total» diz ela, entre outras considerações, despede-se com, «aproveita e marca também com a tua ginecologista...» Ai! Porra! Não te falta escarafunchar mais nada pois não? Pensei eu. Sorri em jeito de resposta. Pus-me a andar, as dores vieram comigo.

17 fevereiro 2008

Só não é sozinha

No texto anterior escrevo a palavra "só", devo corrigir para sozinha. O estar só não é a mesma coisa que estar sozinha. Estar sozinha, que neste caso é agir sozinha, pode ser uma consequência, condicionante ou opção.
Mas não estou só, existe a família e os amigos, apesar de longe, não me fazem sentir só.

16 fevereiro 2008

Do medo que nos tolhe



Há pequenas, grandes, fases da vida em que não resta nada senão pular, em frente.
Este é um dos casos, onde a minha máxima capacidade vai coincidir com a minha máxima fragilidade.
Assumo, confesso, tenho a mania, o vício, o defeito, o feitio de fazer e agir, só. Sem prévias considerações de terceiros. Tornou-se um hábito. Demasiado meu. Já sou demasiado eu.
E sim, é do medo que me tolhe, o mesmo que me move.

15 fevereiro 2008

Simplesmente

Não poderia ser outra coisa que não, o meu género, o feminino.
O ser mulher.
Mulher única.
Somos todas.
Eu gosto muito de ser mulher.
Gosto desta condição.
Gosto do nosso mundo.
Cheio de segredos e secretas vontades, de manhas e manias.
E de privilégios únicos, destes cheios de poder, deste que usufruímos todos os dias.
Dias cheios de ritos e rituais, tão nossos.
Só nossos.
Nossas, as malas e saquinhos, caixas e livrinhos, cheios de vida nossa.
E da história pequenina que escrevemos uns com os outros, também há os homens.
Ah! Criatura magnífica.
Gosto de ser mulher.
Gosto de gostar de o ser.
Incontornável é, o gostar de gostar de homens.

14 fevereiro 2008

Phantom of the day



All I Ask of You - The Phantom of the Opera

13 fevereiro 2008

Opinosa

Tenho cá por minha ideia, de que há homens que, na ausência de melhor para dar, compram presentes para oferecer. Assim como quem oferece, por oferecer, mas compram, estão a comprar.
Apanham, como quem não quer a coisa, os pontos fracos, o dos gostos (atente-se, podem ser pontos fortes) e toma lá, que sei que vais gostar. Oferecem livros, cds, flores, chocolates, colecções de dvd e outros mimos. Aparentemente gostam de dar e os ofertados, de receber, ficam assim comprados, endividados.
Esta, a espécie dos que estão sempre a oferecer, conquista e mantém um role de “amigos” deliciados pelo “generoso amigo”.
São tão pouco confiantes que, fazem-se acompanhar de prendinhas, porque acharão eles que a sua presença não basta para agradar e encher, como companhia. Fazem-no a homens e mulheres. Bem, no caso das mulheres incluem nas ofertas os jantares requintados, ou em restaurantes caros.
Faz-me lembrar uma frase lida algures: "Um homem tem que ter muita confiança em si próprio para levar uma mulher a um restaurante barato".

O jogo de todos os dias


Sim jogamos.
Sim jogam connosco.
Quando é limpo.
Há dia em que fazemos xeque-mate.

10 fevereiro 2008

Amanhã


Acordar como se fosse de propósito.
Viver o dia como se fosse o penúltimo.
Sorrir como única moeda.
Abraçar como se fosse uma despedida.

05 fevereiro 2008

Vinho que não é bom para beber, não é bom para cozinhar

Encher dias inteiros, dias bons, dos bons, dias felizes, dos felizes. Com pessoas iguais a estes dias. Melhor, os dias tornam-se, assim, iguais a elas, lindos, bons, felizes.

Aos meus amigos.

02 fevereiro 2008

Se, de um lado chove, do outro, cai água

A memória que não é convidada nem se atrasa.
A memória traz com ela a saudade.
A saudade não bate à porta mas entra, não pede licença e senta-se à mesa, deita-se na cama. Acorda connosco.
A memória não faz triagem só do que nos faz sorrir.
A saudade, essa, só se sente quando recordamos o que foi ou é bom.

01 fevereiro 2008

Fazer falta, é igual a saudades?

…as pessoas, como os povos, tinham duas atitudes possíveis para se aproximarem do mundo e dos outros: os que tinham o síndroma do Herman cortez e os que tinham o do Fernão Mendes Pinto. Os do Cortez, tinham medo da diferença, acreditam na sua verdade, que impunham aos outros a ferro e fogo; os de Fernão Mendes Pinto, ficavam encantados e deslumbrados com tudo o que era diferente: às mulheres, aos artistas, a tudo o que não era a «normalidade». Hoje via claramente como teria sido ridículo apregoar e impor as verdades que lhe tinham dado quando o puseram na vida e mais aquelas que ele próprio julgou descobrir. «A gente, só ao pé do diferente consegue ver o que lhe falta».


António Alçada Baptista - O Riso de Deus