Cartas - À minha Amiga M.M.

Estou em falta contigo. Connosco, melhor dizendo. Eu sei, jamais me cobrarás o que quer que seja.
Não te tenho escrito. Ainda não dei seguimento ao nosso pequeno projecto. Facto constatado por ambas.
Já programei, não sei quantas viagens de fim-de-semana a Madrid, tem-me faltado a coragem…. Acho aquelas viagens assustadoras… Tu sabes. Mais do que nunca está-me a apetecer uma dessas noitadas de conversas e risos, tapas e cañas, até que o assunto se esgote (como se isso fosse possível entre nós), até que me digas «estou a rebentar pelas costuras», até que eu diga «não gosto desta cerveja», depois de ter bebido meia dúzia…dizer disparates até fazerem sentido… e arrotar… pois, esta parte não somos nós.
Tenho umas “coisinhas” para te contar, só a ti. Sei que, por muito estranho que seja, esta minha confissão, tu vais-me ouvir contar tudo até ao fim e o máximo que arrancarei de ti é um franzir de sobrolho, esse, que é tão nosso. A bem da verdade, já nos marcou os rostos, belas rugas de expressão! Bem, vamos fazer de conta que são todas de expressão…
Estou feliz. Vá, sinto-me feliz.
(agora quase que te ouço dizer «elá!»)
Passei parte da manhã a ouvir música espanhola. Como se não bastasses tu, tenho o S. a oferecer-me cds de música espanhola, querem, porque querem, à força toda que eu goste…. Enfim meus amigos… eu gosto muito, é de vocês. A cantora tem um nome estranhíssimo e a música até é bastante deprimente. Mas, ela berra e eu acompanho-a. No estado, chamemos-lhe aparvalhado, em que me encontro dá-me para isto.
Apontamento: o volume da música é directamente proporcional à velocidade a que ando… chega a estar bem alta….nos semáforos quase que a desligo… parece um bocadinho mal, principalmente quando há passadeiras e as pessoas ficam a olhar…enfim, isto passa-me.

As minhas cartas terminam como sempre.

Fazes-me falta.

Beijo