02 janeiro 2008

Saudades desmesuradas

Vai fazer um ano que não te vejo. Vai fazer um ano que não te conto aquelas minhas histórias parvas inventadas na hora, que não brinco contigo. Já não sei quais são os teus brinquedos favoritos, não sei o que mais sabes e aprendeste a fazer, nem quais serão as tuas novas birras. Nem sei se ainda dizes o meu nome e tão pouco se te lembras de mim.
Ainda falta muito para teres a idade que te trará a “liberdade” para me visitares, sozinho, só porque te apetece. E eu, que tenho idade para fazer o que me apetece (e apetece-me estar contigo), não “posso” visitar-te. Não “posso” Meu Amor Piqueno (era assim que eu te chamava, que significava Amor Enorme). Os “crescidos” têm destas coisas, dizem que não podem, apesar de poderem tudo.
Acredito que foste o único a “perceber” o que aconteceu. A saber do verdadeiro e único motivo da minha tristeza e depois desaparecimento. E tu, sem culpa nenhuma.
Tu sabias quando eu estava triste.
Aprendeste a dizer «gosto de ti…», e nesses dias tristes, apertavas os teus bracinhos à volta do meu pescoço, como quem me quer proteger do que me magoava e dizias, ao meu ouvido, «gosto de ti…» e eu respondia-te, «eu é que gosto muito de ti».
Sabes, as pessoas “crescidas” nem sempre dizem o que sentem, como um «gosto de ti», têm medo, medo que o outro “crescido” não responda «eu é que gosto de ti», ou quando responde, o outro não acredita. As pessoas “crescidas” complicam muito. Tu concordarias comigo, «Basta gostar muito, não basta? E acreditar. E respeitar».
Tenho muitas saudades tuas.

6 comentários:

Anónimo disse...

Amamos os pequenos de outros como nossos e sentimos a sua falta como a perda de um membro, de um pedaço de nós. O melhor pedeço

Unknown disse...

Ou muito me engano ou este post é o cinema paradiso ao contrário.

Ou muito me engano ou ainda existe o contrário do cinema paradiso ao contrário.

Não era o Nietzsche que dizia que os extremos se associam?

Joanissima disse...

Emocionaste-me até às lágrimas.
Não te conheço mas senti vontade de te abraçar.

Um beijo.

Maria Cardeal disse...

T., eu não diria melhor.


Luis, nem sei se percebi o teu comentário! Do "cinema paradiso", só me lembro do Alfredo. Do Nietzsche lembro-me do conceito de individuo e individualismo e básicamente ser um complexo vicioso, mas nada, nada de extremos que se associam.
Rapaz, tu dorme e descansa e deixa-te de noitadas...


Joanissima, eu aceitava esse abraço.
Obrigada.
bj

Maria Cardeal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
purita disse...

pode-se sempre!:)